Vou comprar uma roupa de marca
Pra tirar onda com a galera.
De etiqueta sou igual aos caras.
Até esquecem que sou da favela.
Meu adidas comprei dos amigos
Que pegou de um playboy viciado.
Meu cabelo já ta bem lisinho.
O meu creme é bom, é importado.
A galera lá do condomínios
Só me chamam de negão invocado.
Se perguntam a onde eu moro.
Digo que moro logo ali ao lado.
Se encontro alguém da favela.
Não conheço, não sei nunca vi.
Até brinco com a desgraça alheia.
Coitadinho desse infeliz
O pior é que nunca percebo .
Que só sirvo pra fazer favor.
A patricinha que hoje me beija .
Amanhã será só minha amiga e o playboy será o seu amor.
Sei que o meu preconceito me cega.
Essa vergonha de ser negro e favelado .
Me impede de entender
Que não se mede o carater de uma pessoa pelo tom da pele dela.
E que nem sempre amizade do asfalto
Vai ser verdadeira como a da favela.
o
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